OS CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO (Sinergismo)

Os Cinco Pontos do Arminianismo

No Sínodo de Dort, os remonstrantes apresentaram a doutrina arminiana clássica na forma dos cinco pontos seguintes:

Eleição Condicional

Deus, por um eterno e imutável decreto em Cristo, antes da criação do mundo, determinou eleger, dentre a raça humana caída e pecadora, aqueles que pela graça creem em Jesus Cristo e perseveram na fé e obediência. Contrariamente, Deus resolveu rejeitar os não convertidos e descrentes, reservando-lhes o sofrimento eterno (João 3:36).

Expiação Universal

Em conseqüência do decreto divino, Cristo, o salvador do mundo, morreu por todos os homens, de modo a garantir, pela morte na cruz, reconciliação e perdão para o pecado de todos os homens. Entretanto, essa salvação só é desfrutada pelos fiéis (João 3:16; I João 2:2).

Fé Salvadora

O homem não pode obter a fé salvadora por si mesmo ou pela força do seu livre-arbítrio, mas necessita da graça de Deus por meio de Cristo para ter sua vontade e seu pensamento renovados (João 15:5).

Graça Resistível

A graça é a causa do começo, do progresso e da completude da salvação do homem. Ninguém poderia crer ou perseverar na fé sem esta graça cooperante. Conseqüentemente, todas as boas obras devem ser creditadas à graça de Deus em Cristo. Com relação à operação desta graça, contudo, não é irresistível (Atos 7:51)

Indefinição Quanto à Perseverança

Os verdadeiros crentes têm força suficiente, por meio da graça divina, para lutar contra Satanás, contra o pecado e contra sua própria carne, e para vencê-los. Mas, se eles, em razão da negligência, podem ou não apostatar da fé verdadeira e vir a perder a alegria de uma boa consciência, caindo da graça, é uma questão que precisa ser melhor examinada à luz das Sagradas Escrituras.

Interpretação dos Cinco Pontos

O terceiro ponto sepulta qualquer pretensão de associar o arminianismo ao pelagianismo ou ao semipelagianismo. De fato, a doutrina de Armínio é perfeitamente compatível com a Depravação Total calvinista. Ou seja, em seu estado original o homem é herdeiro da natureza pecaminosa de Adão e totalmente incapaz, até mesmo, de desejar se aproximar de Deus. Nenhum homem nasce com o "livre-arbítrio", ou seja, com a capacidade de não resistir a Deus.

O quarto ponto demonstra claramente que é a graça preveniente que restaura no homem a sua capacidade de não resistir à Deus. Portanto, para Armínio, a salvação é pela graça somente e por meio da fé somente. Nesse sentido, os arminianos do coração concordam com os calvinistas no sentido de que a capacitação, por meio da graça, precede a fé, e que até mesmo a fé salvadora seja um dom de Deus. A diferença está na compreensão da operação dessa graça. Para os calvinistas, a graça é concedida apenas aos eleitos, que a ela não podem resistir. Para os arminianos, a expiação por meio de Jesus Cristo é universal e comunica essa graça preveniente a todos os homens; mas ela pode ser resistida. Assim como o pecado entrou no mundo pelo primeiro Adão, a graça foi concedida ao mundo por meio de Cristo, o segundo Adão (conforme Romanos 5:18, João 1:9 etc.). Nesse sentido, os arminianos entendem que I Timóteo 4:10 aponta para duas salvações em Cristo: uma universal e uma especial para os que creem. A primeira corresponde à graça preveniente, concedida a todos os homens, que lhes restaura o arbítrio, ou seja, a capacidade de não resistir a Deus. Ela é distribuída a todos os homens porque Deus é amor (I João 4:8, João 3:16) e deseja que todos os homens se salvem (I Timóteo 2:4, II Pedro 3:9 etc.), conforme defendido no segundo ponto do arminianismo. A segunda é alcançada apenas pelos que não resistem à graça salvadora e creem em Cristo. Estes são os predestinados, segundo a visão arminiana de predestinação.

Portanto, embora a expressão(livre-arbítrio) seja comumente associada ao arminianismo, ela deve ser entendida como "arbítrio liberto" ou "vontade liberta" pela graça preveniente, convencedora, iluminadora e capacitante que torna possíveis o arrependimento e a fé. Sem a atuação da graça, nenhum homem teria livre-arbítrio.

Ao contrário dos calvinistas, os arminianos creem que essa graça preveniente, concedida a todos os homens, não é uma força irresistível, que leva o homem necessariamente à salvação. Para Armínio, talgraça irresistivel violaria o caráter pessoal da relação entre Deus e o homem. Assim, todos os homens continuam a ter a capacidade de resistir à Deus, que já possuíam antes da operação da graça (conforme Atos 7:51, Lucas 7:30, Mateus 23:37 etc.). Portanto, a responsabilidade do homem em sua salvação consiste em não resistir ao Espírito Santo. Este é o coração do sinergismo arminiano, o qual difere radicalmente dos sinergismos pelagiano e semipelagiano.

No que tange à perseverança dos santos, os remonstrantes não se posicionaram, já que deixaram a questão em aberto.

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