QUEM SÃO OS CONGREGACIONAIS ?



As igrejas ou comunidades do tipo congregacionalistas eram originalmente chamadas independentes, na Inglaterra, no final do século XVI e início do século XVII. O nome congregacional veio depois. Pode-se entender o significado desse nome quando se observa o caráter dos grupos eclesiásticos que ali se definiram desde Eduardo VI e Isabel.
De um lado havia a igreja nacional, Anglicana, que mantinha a mesma estrutura eclesiástica de Roma, apenas nacionalizada, tendo o Rei como seu chefe. De outro lado estava o movimento puritano que cedo se manifestou e assumiu tendências diferentes. As primeiras manifestações históricas das comunidades congregacionalistas se verificaram em Londres entre 1567 e 1568. Richard Fytz é considerado como o mais antigo pastor de uma Igreja desse tipo. Em 1570 ele publicou um manifesto sobre "As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo." Robert Browne, clérigo anglicano, adotou tais idéias em 1580 e com Robert Harrison organizou em Norwich uma congregação independente cujo sistema era substancialmente congregacionalista. Browne foi o primeiro teórico do movimento e logo as comunidades independentes passaram a receber o nome de Brownistas. Os congregacionais são geralmente calvinistas em doutrina e mantém um sistema de governo eclesiástico baseado em dois princípios fundamentais:

1) Cada congregação de fiéis, unida pela adoração, observação dos sacramentos e disciplina cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qualquer outra autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembléia;
2) tais igrejas locais estão em comunhão umas com as outras e inter-comprometidas no cumprimento de todos os deveres resultantes dessa comunhão.


O CONGREGACIONALISMO NO BRASIL

  1. DR. KALLEY, OFUNDADOR
Robert Reid Kalley (1809-1888) médico escocês, natural de Mount Florida, nos arredores de Glasgow, nasceu no dia 8 de setembro de 1809. Pouco se sabe acerca de sua infância. Era filho de Robert Kalley, abastado negociante, e Jane Reid Kalley, que pertencia à Igreja Presbiteriana da Escócia.
Em1829 tirou o diploma de cirurgião e farmacêutico pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Glasgow, tendo feito os seus estudos práticos no Hospital Real dessa cidade. Era ateu, mas graças ao testemunho de uma paciente foi conduzido a estudar cuidadosamente as Escrituras Sagradas. Esses estudos o conduziram à conversão.

2. DR.KALLEY E A ILHA DA MADEIRA
À princípio Kalley pretendia evangelizar a China, mas, em conseqüência do grave estado de saúde de sua esposa, resolveu ir para a Ilha da Madeira, na costa portuguesa, onde chegou em 1838. No ano seguinte foi ordenado ao ministério pastoral, no dia 8 de julho. Em 1840 fundou um hospital. Em 1843 foi preso acusado de apostasia, heresia e blasfêmia, crime considerado inafiançavel e permanecendo preso por 5 meses.
Em agosto daquele mesmo ano teve início uma terrível perseguição. Kalley saiu de casa disfarçado de camponês. Sua esposa e parentes se refugiram no consulado britânico. Sua casa foi invadida e destruída por homens que tinham ido eliminá-lo. Sem outra alternativa, foi deitado em uma rede disfarçado de velhinha enferma e transportado para bordo de um navio inglês que partiria para as Índias Ocidentais.
3. DR.KALLEY NO BRASIL
Em dezembro de 1852 casou-se com D. Sarah Poulton Kalley. Sua primeira esposa, Mrs. Margareth Kalley falecera em 1851. Partiu para os Estados Unidos onde foi visitar aos madeirenses que ali se haviam refugiado por causa das perseguições. Passou com eles o inverno de 1853/54.
Em 9 de abril de 1855 partiu com destino ao Brasil. Ele ficara impressionado com este país por conta da leitura de um livro publicado em 1845 pelo Rev. Daniel P. Kidder “Reminiscências de viagens e Permanências nas Províncias do Sul e Norte do Brasil” . Enquanto esteve em Ilinnois Kalley leu esta obra e ficou impressionado com a descrição da cidade do Rio de Janeiro e outros lugares.
Em 10 de maio de 1855 aportava no Rio de Janeiro o vapor Great Western da mala real inglesa. Nele vinham, entre outros passageiros, o Dr. Kalley e sua esposa, D. Sarah, para iniciarem nessa terra um trabalho que duraria 21 anos e 57 dias.
O Rio de janeiro de 1855 era uma cidade com cerca de 300 mil habitantes. Haviam cerca de 50 igrejas e capelas espalhadas pela cidade. A religião do império era a católica. Kalley, chegado ao Rio foi instalar-se em Petrópolis, numa mansão conhecida como GERNHEIM, que significa, “Lar muito amado”, antes habitada pelo embaixador dos EUA, Mr. Webb.
Em 19 de agosto de 1855, um domingo à tarde, Kalley e sua esposa instalaram em sua residência a primeira classe de Escola Dominical, contando com cinco crianças, filhos da senhora Webb e da senhora Carpenter. Foi contada a história do profeta Jonas.
Como desenvolvimento do trabalho, Kalley escreveu para amigos e antigos companheiros de Ilinnois, convidando-os a virem auxiliá-lo no Brasil. O primeiro a chegar foi Wiliam Pitt, inglês que fora aluno de D. Sarah em Illinois (EUA). Pouco depois vieram Francisco da Gama e sua mulher, D. Francisca, Francisco de Souza Jardim e família.
O primeiro crente batizado pelo Dr. Kalley foi o sr. José Pereira de Souza Louro, em 8 de novembro de 1857. Mas foi em 11 de julho de 1858 que ele organizou a primeira igreja evangélica de regime congregacionalista no Brasil: A Igreja Evangélica Fluminense. Foi organizada com 14 membros tendo sido batizado naquele dia o sr. Pedro Nolasco de Andrade, primeiro brasileiro batizado por Kalley.
4. DR.KALLEY E O CONGREGACIONALISMO
Sua origem era presbiteriana, tendo sido batizado na Igreja Presbiteriana da Escócia. Mas no Brasil ele não organizou uma igreja nos moldes presbiterianos. No entanto há o que se distinguir entre ser presbiteriano eclesiasticamente e ser calvinista em teologia. Kalley não se converteu ao congregacionalismo. Foi aos poucos que ele foi assumindo o jeito de ser congregacional. Lentamente desenvolveu um conceito de povo de Deus - Igreja - diferente do conceito calvinista. Quando veio para o Brasil depois de passar algum tempo nos Estados Unidos, sua convicção congregacionalista em matéria de organização e caráter da igreja local, já estava bem definida: não batizava mais crianças, organizou igrejas autônomas - Igreja Evangélica Fluminense, 1858 e, Igreja Evangélica Pernambucana, 1873 - independentes entre si e estabeleceu presbíteros e diáconos.
5. A PRIMEIRA CONVENÇÃO
Em 6 de julho de 1913 o Rev. Francisco Antônio de Souza liderou a organização daPrimeira Convenção das igrejas de governo congregacional, estando presentes 13igrejas: Fluminense, Pernambucana, Niterói, Passa três, Caçador, Encantado,Vitória de Santo Antão, Jaboatão, Monte Alegre, Paranaguá, Paracambi,Paulistana e Santista. Nessa Convenção decidiu-se fundar um Seminário paraevitar que os vocacionados continuassem a ter necessidade de estudar noexterior. A fundação do Seminário Teológico Congregacional do Rio de Janeiro sedeu em 3 de março de 1914.
6.NOMES DA NOVA ENTIDADE
1913- União das Igrejas Evangélica Indenominacionais
1916- Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais Brasileiras e Portuguesas
1919- União das Igrejas Evangélicas Que Aceitam os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo
1921- União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil e Portugal
1923- União das Igrejas Evangélicas Congregacionais Independentes
1924- União Evangélica Congregacional Brasileira
1934- Federação Evangélica Congregacional do Brasil e Portugal
1934- União Evangélica Congregacional do Brasil e Portugal
1941- União de Igrejas Evangélicas do Brasil
1942- União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do Brasil
1968- Igreja Evangélica Congregacional do Brasil
1969- União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil
7.PRINCÍPIOS CONGREGACIONALISTAS
Autonomia da Igreja local. Desse princípio se derivam todos os outros.
A sede da autoridade decisória final do governo eclesiástico está colocada na Assembléia dos membros da Igreja local.
Quem possui as prerrogativas eclesiásticas é a igreja local e esta não pode sersacrificada em favor de qualquer outro princípio.
8. OCONGREGACIONALISMO NO BRASIL DE HOJE
A partir de 1942 houve a fusão de duas denominações evangélicas brasileiras: a Igreja Cristã Evangélica do Brasil (ICEB) e a União das Igrejas Evangélicas do Brasil, de governo congregacional, se fundiram numa denominação que veio a se chamar União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do Brasil (UIECCB). Esta união durou até janeiro de 1968. Em 1969 foi aprovada a nova Constituição da nova entidade que agregara os congregacionais do norte e do sul do país - União das Igrejas Evangélicas e Congregacionais do Brasil.
Começou então um período de consolidação nacional. Foram remodelados os quadros administrativos da UIECB que contava com 177 igrejas espalhadas por vários estados do Brasil. Estas igrejas foram divididas em 15 regiões administrativas, e também:
Foia dquirida uma sede própria. Adquire-se uma gráfica para impressão da literatura denominacional.
Começa-se um despertamento missionário com abertura de campos em vários lugares doBrasil.
De1969 até o presente exerceram a presidência da UIECB os seguintes pastores:
-Rev. Theodoro José dos Santos - 1969-1973
-Rev. Daniel Gonçalves Lima - 1973-1977
-Rev. Deneci Gonçalves da Rocha - 1977-1983
-Rev. Jair Álvares Pintor - 1983-1985
-Rev. Vanderli Lima Carreiro - 1985-1989
-Rev. Amaury de Souza Jardim - 1989-1991
-Rev. Paulo Leite da Costa - 1991 - 2008
- Rev. Osvaldo Lopes dos Santos - 2009 - até os nossos dias.
A partir de 1992 a Sede da União passou a funcionar à sua Visconde de Inhaúma, 134, Salas 1307-1309, Centro, Rio de Janeiro. Em janeiro de 2001 o décimo-nono andar foia dquirido pela denominação neste mesmo prédio. Ali está toda a administração da UIECB e onde se realizam também as reuniões da Junta Geral, aos terceiros sábados de meses ímpares. A Unidade Centro do Seminário Teológico Congregacional do Rio de Janeiro passou a utilizar as dependências do décimo-terceiro andar.
AUIECB possui os seguintes departamentos:
1. Departamento de Atividades Ministeriais (DAM)
2. Departamento de Educação Teológica (DET)
3. Departamento de Evangelização e Missões (DEM)
4. Departamento de Educação Religiosa e Publicações (DERP).
A UIECB conta hoje com cerca de 380 igrejas filiadas e mais de 500 ministros ordenados. A denominação que durante mais de cem anos foi alvo de missões estrangeiras, hoje faz Missões no Brasil e no Exterior, tendo alcançado todos os estados brasileiros e nações como Portugal, Espanha, Turquia, Jordânia, Moçambique, Angola e Guiné Bissau.
Masnão apenas a Denominação faz Missões: igrejas locais, sozinhas ou em parcerias,tem enviado obreiros para várias partes do Brasil e do Mundo.
Órgãosde Divulgação do Trabalho Congregacional
- O Cristão - jornal centenário, fundado em 20 de janeiro de 1892;
- Revista Atitude Missionária- Orgão oficial do Departamento de Evangelização e Missões;
- Revista Vida Cristã -órgão oficial da Confederação das Uniões A. Femininas;
- Revista O Exemplo Jovem- órgão oficial da Mocidade Congregacional;
- Revista O Varonil -órgão oficial dos Homens Congregacionais.

Os congregacionais da UIECB não são os únicos congregacionais no Brasil.

Há váriosoutros grupos congregacionalistas:

Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil
Igrejas Congregacionais Independentes
Igreja Congregacional do Brasil
União das Igrejas Evangélicas Congregacionais Independentes doBrasil;
Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais Conservadoras do Brasil;
Associação Evangélica Missionária Congregacional.
Ultimamente esforços tem sido desprendidos no sentido de um convívio mais aproximado entre todos esses grupos. Púlpitos tem sido trocados e intercâmbio tem se evidenciado à nível denominacional.

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1 Comentários

  1. Me sinto honrada em ser Congregacional.
    Igreja Evangélica Congregacional Guaratibana.
    Rio de Janeiro - Pedra de Guaratiba.
    Sandra Camargo.

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