Cristãos oram e louvam no Iraque após saída do grupo muçulmano Estado Islâmico

Refugiados intercedem pelos jihadistas que tentaram matá-los

Há poucos dias, na região de Mosul, uma cidade destruída pela guerra, cristãos se reuniram para orar enquanto foguetes continuavam a cair. Com o Estado Islâmico a menos de 100 km de distância, eles louvaram, choraram e adoraram a Deus. Pessoas de várias denominações – católicos, ortodoxos e evangélicos – deixaram as diferenças de lado para se unir num clamor pela paz.

O grupo foi liderado por uma equipe da Burn 24-7, missão norte-americana conhecida pelo ministério de intercessão. Liderados por Seun Feucht e sua esposa Kate, eles enviam equipes para várias partes do mundo que compartilham o amor de Jesus através do louvor. O nome remete ao compromisso de “queimar” [burn] diante do altar sem parar “24-7” [24 horas por dia/ 7 dias por semana].

A missionária Kelsie, que trabalha com a Burn 24-7 no Curdistão explica: “Nossa paixão é chamar cristãos de diferentes origens e denominações, para se unirem e passarem tempo juntos, adorando e exaltando Deus em sua cidade”. Ao mesmo tempo, “temos equipes saindo para evangelizar, compartilhar o amor de Jesus e orar pela cura dos doentes”, disse ela ao Christian Today.

Além dos Estados Unidos, no momento eles estão focados em realizar encontros em alguns dos países mais difíceis do mundo para os cristãos praticarem sua fé, seja por causa da opressão do governo ou de grupos extremistas.

Desde o início deste ano, Kelsie e sua equipe estão trabalhando no Curdistão – uma região autônoma do Iraque – onde recebem as pessoas que foram forçadas a fugir de suas casas por causa dos avanços do Estado Islâmico. Há muitos cristãos, mas também membros da minoria yazidi e até muçulmanos que não compactuam com a jihad. A imensa maioria são mulheres e crianças que chegam apenas com a roupa do corpo e o que conseguiram carregar. Muitos estão doentes ou feridos.

Ela explica que sentiu esse chamado desde que os jihadistas começaram o genocídio na região, em 2014. Sentindo “a necessidade de esperança” no Iraque, ela decidiu se mudar para lá com um grupo de voluntários. “Nós vimos a grande necessidade dessas pessoas conhecerem o amor de Jesus, e parecia que era o tempo de Deus, então respondemos: sim”.
Refugiados oram pelos homens que os feriram e ameaçaram

Entre as muitas experiências que acumulou desde que chegou lá, uma delas chama atenção.

Os missionários tiveram a oportunidade de orar muito pelos jihadistas, as mesmas pessoas que tentaram matar as pessoas que eles agora estão ajudando. Diariamente eles ouviam relatos de execuções e torturas, mesmo assim continuaram intercedendo pelos que juraram destruir todos os cristãos.

“Uma coisa é orar de longe pelo Estado Islâmico, e outra é orar aqui, pois estamos a 80km da cidade [Mosul] onde os cristãos perderam tudo”. Muitos desses refugiados agora estão aqui orando junto conosco pela salvação e pela misericórdia de Deus na vida dos militantes que os feriram e ameaçaram.

“Isso é bastante poderoso … Cada vez que oramos pelos soldados do Estado Islâmico é um momento poderoso. Vemos pessoas que perderam tudo por causa desses homens orando por eles. É uma coisa linda”, relata.

Kelsie conta que qualquer cristão do mundo pode se juntar a eles, basta estar disposto a passar tempo em oração. Encerra dizendo que o trabalho de intercessão está mudando a região.

“Para nós, adorar a Jesus é uma das formas mais eficazes de ver a mudança. Quando estamos adorando, nosso coração se volta para os pobres, para os refugiados… o melhor lugar do mundo é estar junto com Ele. Para muitos isso pode ser visto como um desperdício de tempo, mas quando você começa a ver a mudança acontecer, quando suas orações são respondidas, você vê o quanto isso eficaz”, comemora.

Seu último grande encontro durou 100 horas. As equipes iam se revezando para que o louvor e a oração não parassem. É a segunda reunião desse tipo que fazem no Curdistão. No ano passado, reuniram cristãos árabes e curdos, jordanianos, iranianos, americanos, britânicos e canadenses.

Autoridades estimam que ainda há 1 milhão de pessoas vivendo em Mosul, impedidos de sair pelos jihadistas que as usam como “escudos humanos” na tentativa de impedir ataques em massa das tropas russas e iraquianas.

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