Líder islâmico pede o extermínio de judeus, cristãos e 'falsos muçulmanos'

Pedido feito na maior mesquita do mundo foi transmitido pela TV

No mundo árabe está em curso um grande conflito entre líderes islâmicos da Arábia Saudita e do Irã. Milhões de muçulmanos estão esta semana em peregrinação até Meca, cumprindo um ritual sagrado para os seguidores da Maomé, a hajj. No ano passado, o evento foi marcado por uma grande tragédia, quando cerca de 2400 pessoas morreram pisoteadas.

No início do mês, o aiatolá iraniano Ali Khamenei, acusou as autoridades sauditas de matarem muçulmanos durante a peregrinação de hajj de 2015, quando morreram 464 iranianos. Poucos dias depois, o principal líder religioso da Arábia Saudita, o grão-mufti Abdulaziz Al Sheik, rebateu, afirmando que as principais lideranças do país “não são muçulmanas”.

Agora surge um vídeo que parece ser uma declaração de guerra. Na oração diária da Masjid al-Haram, maior mesquita do mundo, um importante imã saudita fez um apelo pelo extermínio judeus, cristãos e “falsos muçulmanos”. No Alcorão já existe essa ordem contra os chamados infiéis (não islâmicos), mas não havia qualquer menção de que os xiitas deveriam ser mortos.
Como o papa falando no Vaticano

A importância da Masjid al-Haram, também conhecida como Mesquita Sagrada, ou a Grande Mesquita de Meca, se dá por ela abrigar o lugar mais sagrado no Islã, a Caaba, uma construção cúbica de 15,24 metros de altura. Ela está no epicentro da fé islâmica, pois é voltado para ela que os muçulmanos praticantes se ajoelham para fazer suas orações 5 vezes ao dia.

Comparativamente, essa declaração é como um pronunciamento do papa no Vaticano.

Transmitida ao vivo pela TV, foi possível se ouvir o imã pedindo: “Ó Alá, conceda a vitória, dignidade e poder aos nossos irmãos que guerreiam no Iêmen, na Síria, no Iraque, e em toda parte”.

A menção é claramente política, pois os sauditas estão envolvidos diretamente nesses conflitos ao lado das forças americanas. Em todas essas frentes, os soldados iranianos estão do lado oposto, junto com a Rússia.

“O Senhor dos Mundos, conceda-lhes a vitória sobre os muçulmanos infiéis [xiitas]. Conceda-lhes a vitória sobre os judeus traiçoeiros, juntamente com os cristãos maldosos, todos os hipócritas indignos de confiança”, entoa o imã, enquanto milhões de pessoas o veem pela TV. Finaliza dizendo: “Ó Alá, conceda-lhes a vitória, a ajuda e a força”.

O vídeo que está sendo divulgado pela internet é do canal de televisão egípcio Al-Qahera Wal Nas.


Arábia Saudita compra U$115 bi em armas

Ao mesmo tempo que esse discurso é feito no centro da fé islâmica, a Arábia Saudita negociou a compra recorde de mais armamentos dos Estados Unidos. Desde o início do governo de Barack Obama, Washington já forneceu à Arábia Saudita cerca de $ 115 bilhões em vendas militares, de acordo com um relatório a que a agência de notícia Reuters teve acesso.

Isso inclui armas leves, munições, tanques, helicópteros de ataque, mísseis terra-ar, navios de defesa antimíssil e de combate, além de manutenção e treinamento.

Em agosto, durante a 2ª conferência da ONU sobre o comércio global de armas, a Coalizão para Controle de Armas fez um apelo aos países ocidentais, especialmente os EUA, para que parassem a venda de armas à Arábia Saudita.

Os sauditas são chefiados pelos wahabistas – ramo ultraconsevador dos sunitas – maior subdivisão da religião muçulmana. Eles historicamente consideram os xiitas seus inimigos. Por sua vez, o Irã está anunciando que se prepara para uma 3ª Guerra Mundial, onde a “verdadeira fé” será restaurada pelo messias que liderará seus exércitos. 

Com informações de Sputnik

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